A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA AUXILIADORA

Saiba como surgiu e se desenvolveu a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.

Nos primeiros séculos da Igreja Católica, São João Crisóstomo já dizia que a devoção a Nossa Senhora como auxílio dos cristãos estava prevista na obra da criação, no livro do Gênesis, quando Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gn 2, 18). A Virgem Maria é o auxílio adequado a todo gênero humano, que nos foi concedido por Deus na nova criação em Jesus Cristo.

Saiba como surgiu e se desenvolveu a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.Nossa Senhora Auxiliadora

Desde os primórdios da Igreja, os fiéis aprenderam a invocar com confiança a Santíssima Virgem, Mãe de Deus, e a pedir o seu auxílio em suas necessidades. A oração mariana mais antiga de que se tem conhecimento, provavelmente do Século III, chamada “Sub Tuum Praesidium” (À vossa Proteção), atesta esta tradição de invocar o auxílio da Virgem Maria: “Sub tuum praesídium confúgimus, Sancta Dei Génetrix. Nostras deprecatiónes ne despícias in necessitátibus, sed a perículis cunctis libera nos semper, Virgo gloriósa et benedícta. Amen”. – “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém”. No entanto, o título de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos ficou amplamente conhecido somente no século XVI.

O título de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos

A invocação de Nossa Senhora como Auxiliadora dos cristãos tem suas raízes no ano de 1571, quando Selim I, imperador dos turcos otomanos, depois de conquistar várias ilhas do mar Mediterrâneo, lançou seu olhar de cobiça sobre a Europa.

Como as nações cristãs daquele continente não tomavam providências, o Papa São Pio V organizou uma poderosa esquadra para salvar os cristãos da escravidão muçulmana. Para realizar essa missão, impossível aos olhos humanos, o Santo Padre invocou o auxílio da Virgem Maria. Dom João de Áustria, filho do imperador Carlos V, foi quem comandou as tropas cristãs.

São Pio V enviou para o Príncipe João um estandarte bordado com a imagem de Jesus Cristo crucificado, com a recomendação de que pedissem insistentemente o auxílio de Nossa Senhora. “A preparação dos soldados para a batalha consistiu em três dias de jejuns, orações, recitação do rosário e procissões, suplicando a Deus a graça da vitória. O inimigo era superior em número. Depois de receberem a Santa Comunhão, partiram todos para a batalha”[1].

No dia 7 de outubro de 1571, invocando o nome de Maria, Auxílio dos Cristãos, os combatentes católicos travaram a dura e decisiva batalha contra os turcos muçulmanos, nas águas do Mediterrâneo ao largo de Lepanto, na Grécia. Depois de horas de violentos combates, em vários momentos a derrota parecia iminente, até que veio a vitória dos católicos:

Foi uma vitória obtida numa atmosfera carregada de religiosidade. Os gritos de “Viva Maria” eram ouvidos com tanto fervor e intensidade que cobriam os gritos de guerra dos inimigos e abafavam o ruído das ondas do mar. Narram as crônicas dos derrotados que uma “formosa senhora” foi vista no céu e que seu olhar fulminante espalhava pânico entre eles e alimentava o ânimo e disposição de luta dos cristãos[2].

A comemoração de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos

A partir dessa clamorosa vitória, o Papa Pio V acrescentou a invocação “Auxiliadora dos Cristãos” na Ladainha de Nossa Senhora, também conhecida como Ladainha Lauretana. Com esse gesto simples, mas muito significativo, o Pontífice quis demonstrar sua gratidão pela vitória obtida graças ao auxílio de Nossa Senhora, num momento tão difícil e decisivo em que o mundo cristão estava praticamente derrotado. Diante desse acontecimento miraculoso, recordamos a promessa de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que disse: “Quando tudo parecer perdido, será o início do triunfo da Santa Igreja”[3].

A invocação de “Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos” surgiu no ano de 1571, a partir daquela que ficou conhecida como a “Batalha de Lepanto”. No entanto, o dia da festa de Maria Auxiliadora foi definido pelo Papa Pio VII somente no ano de 1816, para perpetuar a memória de outro acontecimento prodigioso que atesta a intercessão da Santa Mãe de Deus.

O Santo Padre havia negado a nulidade do Matrimônio do irmão de Napoleão I, Imperador da França. Este fato serviu de pretexto para o Imperador invadir os Estados Pontifícios e ocupar Roma. Consequentemente, Napoleão foi excomungado pelo Papa. Para vingar-se, o Imperador sequestrou o Pontífice e levou preso para a França. No cativeiro, o Vigário de Cristo passou por humilhações e vexames de toda a ordem por cinco anos.

Ainda na prisão, movido por uma fé ardente, o Sumo Pontífice recorreu ao auxílio de Maria Santíssima e prometeu coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona, logo que fosse liberto. Não demorou para que Nossa Senhora intervisse na situação. O clamor dos católicos forçou Napoleão a ceder e o Papa foi libertado.

No dia 24 de maio de 1814, o Papa Pio VII retornou solenemente a Roma. Mais ainda, recuperou seu poder, os bens eclesiásticos foram restituídos à Igreja e Napoleão foi obrigado a assinar a abdicação do poder imperial no mesmo palácio onde o Santo Padre estava aprisionado. Em agradecimento a Santíssima Virgem, o Papa Pio VII criou a festa de Nossa Senhora Auxiliadora e fixou-a no dia de seu retorno triunfal a Roma.

Dom Bosco e a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora

Em 1862, São João Bosco, em um de seus sonhos proféticos, visualizou a barca da Igreja sendo agitada pelo mar tempestuoso do mundo:

O vento lhes era desfavorável e o mar agitado parecia favorecer os inimigos. No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, em cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxílio dos Cristãos). Sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e debaixo um outro cartaz com as palavras: Salus Credentium (Salvação dos que creem)[4].

O Santo Padre é o comandante supremo da nau, que é a Igreja. As embarcações dos inimigos são as perseguições contra a Igreja, que é atacada violentamente. Em meio aos ataques do inimigo, o Soberano Pontífice é ferido gravemente e cai, mas é ajudado pelos que estão próximos, que e o levantam. Mas, o Papa é atacado pela segunda vez, cai novamente e morre. Os inimigos da Igreja ainda comemoravam a vitória quando foi eleito um novo Pontífice. Sem que os inimigos esperassem, “o novo Papa dispersa e supera todos os obstáculos e guia o navio até as duas colunas. Chegando junto a elas, o ata com uma corrente que pendia da proa a uma âncora da coluna sobre a qual estava a Hóstia; e com uma outra corrente que pendia da popa o ata a uma outra âncora, que pendia da coluna sobre a qual estava colocada a Virgem Imaculada”[5].

Depois que a embarcação da Igreja foi atada às duas colunas, aconteceu uma grande reviravolta: “Todos os navios, que até aquele momento tinham combatido a nau do Papa, fogem, se dispersam, se chocam entre si e se despedaçam. Uns naufragam e arrastam a outros”[6]. Ao contrário, muitos barcos que tinham combatido valorosamente a favor do Pontífice se aproximam das duas colunas e se atam a elas firmemente com correntes. Muitas outras naus, por medo, tinham se afastado e se encontravam muito longe. Estas observavam prudentemente, até que, desaparecidos nos abismos do mar os restos de todos os destroçados navios inimigos, com grande força vão em direção das duas colunas. Chegando a elas, essas embarcações se prendem aos ganchos pendentes das colunas, e aí ficam tranquilas e seguras, junto com a barca principal, na qual está o Santo Padre. Depois disso, se produz uma grande calmaria no mar.

Assim, Nossa Senhora, sob o título de Auxiliadora dos Cristãos, e a Eucaristia, são as duas colunas que sustentam a Igreja nestes tempos de perseguição contra a Igreja e contra os valores que defendemos. Ancorados firmemente nestas duas colunas, que são a devoção a Virgem Maria e a Eucaristia, estaremos seguros contra os ataques dos inimigos da Igreja. Por isso, São João Bosco dizia aos seus filhos espirituais para recomendar aos fiéis a adoração a Jesus sacramentado, a comunhão frequente e a devoção a Santíssima Virgem Maria. O Santo foi um grande propagador da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora, que se espalhou pela Europa e, depois, pelo mundo inteiro. São João Bosco, tinha particular apreço por esta devoção, pois, segundo ele, “a festa de Maria Auxiliadora deve ser prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos, um dia, no paraíso”[7].

Oração a Virgem Maria, Auxílio dos Cristãos

Ó Maria, Mãe de piedade e de clemência, amparai os bons, que possam perseverar, fortificai os fracos, chamai à penitência os transviados e os pecadores, para que triunfem aqui na terra a verdade e o Reino de Jesus Cristo, e assim cresçam a vossa glória e o número dos eleitos no Céu.

Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós!

Links relacionados:

TODO DE MARIA. Nossa Senhora, Auxiliadora dos cristãos.

TODO DE MARIA. Nossa Senhora Auxiliadora e a Eucaristia.

TODO DE MARIA. Ó Virgem Maria, esperança nossa, salve!

Referências:

[1] ARAUTOS. Nossa Senhora Auxiliadora.

[2] Idem, ibidem.

[3] APARIÇÕES DE LA SALETTE. Nossa Senhora do Bom Sucesso.

[4] MARIA MÃE DA IGREJA. Os 2 pilares que sustentam a Igreja: Maria e a Eucaristia.

[5] Idem, ibidem.

[6] Idem, ibidem.

[7] NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA. Conheça a história de devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.

Fonte: Todo de Maria

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