VOCÊ TEM ZELO PELA ORAÇÃO?–Parte I

Aqui, bons motivos para ter!



A quem deseja ardentemente tornar-se perfeito…
É sumamente necessário que exerça o seu espírito no zelo contínuo da oração e devoção, porque a pessoa indevota e tíbia, que não pratica assiduamente a oração, não somente é miserável e inútil, mas, diante de Deus, traz uma alma morta em um corpo vivo.
A virtude da oração é tão eficaz que só ela vence as tentações e armadilhas do inimigo maligno, que é o único a impedir o voo da alma ao céu. Não é de admirar sucumba muitas vezes miseravelmente às tentações quem não nutrir assiduamente o zelo da oração.
Por isso, diz Santo Isidoro: “A oração é o remédio para quem sente o fogo das tentações dos vícios: quantas vezes é tentado por algum vício, tantas vezes recorra à oração, porque a oração frequente rebate as impugnações dos vícios”.
A mesma coisa diz o Senhor no Evangelho:
Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
Tanta é a virtude da oração devota, que com ela o homem pode alcançar tudo e em qualquer tempo: no inverno e no verão, nos dias serenos e de chuva, de noite e de dia, nos dias de festas e nos dias úteis, na enfermidade e na saúde, na juventude e na velhice, estando o homem em pé, sentado ou andando, no coro ou fora do coro.
Às vezes, numa só hora de oração, ganha mais do que vale todo o mundo, porque com módica oração devota, ganha o homem o Reino dos Céus.
Para que, porém, saibas como deves orar e que qualidades a oração deve ter, informar-te-ei na medida em que o Senhor me inspirar, embora neste assunto eu mais careça de informações que tu.
Sabe, pois, que para uma perfeita oração três coisas são necessárias.
A primeira é que quando te entregas à oração, com o corpo e o coração levantado e com os sentidos fechados, reflitas, sem ruído, com um coração amargurado e contrito sobre todas as tuas misérias, isto é, sobre as tuas faltas presentes, passadas e futuras.
Primeiro, portanto, deves solicitamente refletir quantos e quão graves pecados cometeste no decurso de toda a sua vida, quantos e quão grandes bens omitiste, quantas e quão grandes graças de teu Criador perdeste.
Também deves cogitar quão longe te afastaste de Deus pelo pecado quanto pelo contrário, em algum lhe estavas tão perto; quão dissemelhante de Deus te tornaste, quando em algum tempo lhe estavas muito semelhante; quão bela eras algum tempo na alma, quando agora és muito
feia e impura.
Deves meditar para onde vais pelo pecado, isto é, para as portas do Inferno; o que te espera, isto é, o dia tremendo do juízo; o que te será dado por tudo isto, isto é, a morte eterna no fogo.
Por tudo isso deves incontinenti bater no peito com o publicano, 1) suspirar 2) com o profeta David, e com lágrimas lavar os pés do Senhor Jesus Cristo com Santa Maria Madalena.
Nem deves impor medidas às tuas lágrima, porque sem medida ofendeste o teu amado Jesus. É isto o que diz santo Isidoro: “Quando em oração nos achamos diante de Deus, devemos gemer e chorar, recordando quão grave é o que cometemos, quão duros os suplícios do Inferno que tememos”.
Essas pungentes meditações devem formar o princípio de tua oração.

Fonte: retirado do livro “A vida perfeita” de São Boaventura.
Fonte: Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus

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