A CONFIANÇA EM DEUS TRAZ BENEFÍCIOS INESGOTÁVEIS-Parte II

Os frutos da Confiança em Deus



A confiança de Santa Gertrudes fazia tal violência ao Divino Coração, que Ele era forçado a favorecê-la em tudo.

Enfim, e como uma das suas maiores prerrogativas, a confiança é sempre atendida.
Nunca será demasiado repeti-lo: a prece confiante obtém tudo.
Com insistência muito acentuada a Escritura recomenda-nos a reanimar a nossa fé, antes de apresentarmos a Deus nossas súplicas. “Tudo o que pedirdes a Deus, com fé na oração, vós obtereis”, declara o Mestre.
O Apóstolo São Tiago usa da mesma linguagem; quer que peçamos “com fé, sem hesitar”. Aquele que duvida, assemelha-se à vaga inconstante do mar; em disposições tais, é inútil pretender ser ouvido.
Ora, de que fé tratam os trechos precedentes? Não é da fé habitual que o Batismo infunde nas almas; mas sim de uma confiança especial, que nos faz esperar firmemente a intervenção da Providência em circunstâncias dadas.
É o que diz, explicitamente, Nosso Senhor no Evangelho: “ Seja qual for o objetivo da vossa prece, crede que o obtereis; e isso vos será concedido” O Mestre não podia designar mais claramente a confiança.
Podemos ter fé e duvidar, no entanto, que Deus queira acolher favoravelmente este ou aquele pedido nosso. Temos acaso a certeza, por exemplo, de que o objeto do nosso desejo convém ao bem verdadeiro da nossa vida? Hesitamos, pois. E essa simples hesitação, nota um teólogo, diminui a eficácia da oração.
Em outras ocasiões, pelo contrário, a certeza íntima fortifica-se a ponto de repelir completamente toda dúvida ou hesitação. Estamos tão certos de sermos atendidos, que já nos parece ter na mão a graça solicitada.
Em atenção a uma confiança tão perfeita, escreve o Padre Pesch, Deus nos concede graças que, sem isso, não nos teria dado”.
Com efeito, o bem que Lhe pedíamos não nos era necessário; ou então, esse bem não realizava as condições precisas para que Deus, em virtude de suas promessas, Se obrigasse a no-lo dar. O mais das vezes, de resto, essa íntima certeza é obra da graça em nós.
Por isso, conclui o autor, uma singular confiança em obter essa ou aquela bênção, é uma espécie de promessa especial que Deus nos faz de no-la conceder”.
Uma palavra de São Tomás resumirá esta curta digressão: “A oração, diz o Doutor Angélico, tira o seu merecimento da caridade; mas sua eficácia impetratória lhe vem da fé e da confiança”.
Os Santos rezavam com essa confiança,
E por isso Deus Se mostrava a respeito deles de uma liberalidade infinita.
O Abade Sisois, segundo narra a Vida dos Padres, rezava um dia por um de seus discípulos que a violência da tentação tinha abatido. “Queirais ou não, dizia a Deus, não Vos deixarei antes de o terdes curado”. E a alma do pobre irmão recobrou a graça e a serenidade.
Nosso Senhor dignou-Se revelar a Santa Gertrudes que a sua confiança fazia tal violência ao Divino Coração, que Ele era forçado a favorecê-la em tudo.
E acrescentou que, assim agindo, satisfaz às exigências da sua bondade e do seu amor por ela. Um amiga da Santa orava desde algum tempo sem nada obter.
O Salvador lhe disse: “Diferi a concessão do que Me pedes, porque não confias da minha bondade como a minha fiel Gertrudes. A ela nunca recusarei nada do que Me pedir”.
Enfim, eis, segundo o testemunho do Bem-aventurado Raimundo de Cápua, seu confessor, como rezava Santa Catarina e Siena.
Senhor, dizia, não me afastarei de junto dos vossos pés, da vossa presença, enquanto a vossa bondade não me tiver concedido o que desejo, enquanto não Vos aprouver fazer o que Vos peço”.
Senhor, continuava, eu quero que me prometais a vida eterna para todos aqueles que amo”.
Depois, com uma audácia admirável, estendia a mão para o Tabernáculo: “Senhor, acrescentava,pode a vossa mão na minha! Sim! Dai-me uma prova de que me dareis o que Vos peço!…”.
Que esses exemplos nos incitem a nos recolhermos no fundo da alma; examinemos um pouco a consciência. Com um piedoso autor dirijamos a nós mesmos a pergunta seguinte:
Teremos posto em nossas preces uma confiança total, um pouco desse absolutismo da criança que solicita da mãe o objeto que deseja?
O absolutismo dos pobres mendigos que se nos perseguem, e que, à força de importunação, conseguem ser atendidos? Sobretudo, o absolutismo, ao mesmo tempo tão respeitoso e tão confiante, dos Santos em suas súplicas?”.

Fonte: retirado de “O Livro da Confiança” do Rev. Pe. Thomas de Saint-Laurent.

Comentários

Postagens mais visitadas