A SUA CONFIANÇA EM DEUS PRECISA TER BASES FORTES, INABALÁVEIS… QUAIS?– Parte I II


Nosso Senhor atende às súplicas da cananeia cuja filha estava doente; a divina bondade de Nosso Senhor deve nos inspirar Confiança.


A verdade é que Nosso Senhor é adoravelmente bom;
Seu Coração não pode ver sofrer, nem sangrar. Essa piedade O faz operar alguns dos seus maiores milagres espontaneamente, antes mesmo de ter recebido qualquer súplica.
A multidão segue-O através das montanhas desertas da Palestina; durante três dias, esquece-se, para ouvi-Lo, da necessidade de comer e de beber.
Chama, porém, o Mestre dos Apóstolos: “Vede essa pobre gente, diz-lhes, não os posso despedir assim: cairiam de inanição em caminho. Tenho pena dessa multidão”. E multiplica os poucos pães que restavam aos discípulos.
Outra vez, dirige-Se Ele à pequena cidade de Naim, escoltado por uma turba bem numerosa. Quase ao chegar às portas, encontra um cortejo fúnebre. Era um jovem que levavam para a última morada: filho único de pobre mãe viúva.
Nada esperando mais da vida, em profundo desalento, seguia, lamentavelmente, a triste mulher o corpo de seu filho. A vista dessa dor muda emocionou vivamente o Mestre.
Tomou-Se de misericórdia. “Pobre mãe aflita, disse, não choreis mais!”. E, aproximando-se da padiola onde jazia o cadáver, restituiu vivo o mancebo à mãe.
Almas feridas pela provação: consciências perturbadas pela dúvida, talvez, ou pelo remorso; corações torturados pela traição ou pela morte; vós que sofreis, acreditais, por acaso, que Jesus não tenha piedade de vossas dores?
Isso seria não compreender o seu imenso amor. Ele conhece as vossas misérias; Ela as vê, e seu Coração Se compadece delas. É por vós, hoje, que Ele lança o seu grito de compaixão; é a vós que Ele repete, como à viúva de Naim: “Não chores mais, Eu sou a Resignação, Eu sou a Paz, Eu sou a Ressurreição e a Vida!”.
Essa confiança, que naturalmente nos deveria inspirar a divina bondade, Nosso Senhor no-la reclama explicitamente. Faz dela condição essencial de seus benefícios.
Vemo-lo, no Evangelho, exigir atos formais dessa confiança antes de operar certos milagres.
Por que é que Ele, sempre tão terno, Se mostra assim duro na aparência para a cancaneia que Lhe pede a cura da filha? Repele-a por diversas vezes; mas nada a faz desanimar.
Multiplica ela as suas súplicas tocantes; nada lhe diminui a confiança inabalável. Era isso justamente o que pretendia Jesus: “ò mulher, exclama com alegre admiração, como é grande a tua confiança!” e acrescenta: “Que a tua vontade seja feita”.
A confiança obtém a realização dos nossos desejos: é Nosso Senhor, Ele próprio, Quem o afirma.
Estranha aberração da inteligência humana! Cremos nos milagres do Evangelho, visto que somos católicos convictos; cremos que Cristo nada perdeu do seu poder subindo aos Céus; cremos na sua bondade, provada em toda a sua vida… E, no entanto, não sabemos abandonar-nos à confiança nEle!
Como conhecemos mal o Coração de Jesus! Obstinamo-nos a julgá-Lo pelos nossos fracos corações: parece em verdade que querermos reduzir a sua imensidade às nossas mesquinhas proporções.
Custamos a admitir essa incrível misericórdia para com os pecadores, porque somos vingativos elentos em perdoar.
Comparamos a sua infinita ternura com os nossos pequeninos afetos… nada podemos compreender desse fogo devorador que fazia do seu Coração um imenso braseiro de amor, dessa santa paixão pelos homens que O dominava completamente, dessa caridade infinita que O levou das humilhações do Presépio ao sacrifício do Gólgota.
Infelizmente, não podemos dizer com o Apóstolo São Paulo, na plenitude de nossa fé: “Cremos, Senhor, no vosso amor!”.
Mestre Divino, queremos doravante abandonar-nos inteiramente à vossa direção amorosa. Confiamo-Vos o cuidado do nosso futuro material. Ignoramos o que nos reserva esse futuro, sombrio de ameaças. Mas abandonamo-nos às mãos da vossa Providência.
Confiamos ao vosso Coração os nosso pesares. São por vezes bem cruéis. Mas Vós estais conosco para suavizá-los.
Confiamos à vossa misericórdia as nossas misérias morais. A fraqueza humana faz-nos temer todos os desfalecimentos. Mas Vós, Senhor, nos haveis de amparar e preservar nas grandes quedas.
Como o Apóstolo preferido que repousou a cabeça sobre o vosso peito, assim pousaremos nós sobre o vosso Divino Coração; e, segundo a palavra do Salmista, aí dormiremos em deliciosa paz, porque estaremos, ó Jesus, radicados por Vós numa confiança inalterável.

Fonte: retirado de “O livro da Confiança” do Rev. Pe. Thomas de Saint-Laurent.






















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