VIDA DE ORAÇÃO

Vida de Oração

“Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor, tanto no meio da tribulação como no meio da alegria.” (Santa Terezinha do Menino Jesus)

Nosso ser anseia continuamente por Deus, por uma felicidade plena, que é inconcebível em plenitude aqui na Terra. Todo ser humano deseja esta felicidade que só se encontra e se sacia em Deus, qualquer outra forma de tentar saciar esta sede intrínseca do homem, não gera esta felicidade verdadeira, mas somente pequenos sinais de um verdadeiro gozo. E uma das formas mais importantes neste caminhar até a plenitude é a Oração.

“A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus.” (Santo Agostinho)

De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais freqüência, do coração (mais de mil vezes). É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã. (CIC 2562)

Muitas vezes verificamos pessoas completamente injustas, pecadoras públicas, sem a menor intenção de conversão, ou ainda, “preces injustas”, preces com intenções imorais, como por exemplo, o marido que “reza” para não ser descoberto seu adultério, a modelo que “reza” para ser capa da revista pornográfica ... etc. Orações vãs e que de forma alguma chegam aos ouvidos de Deus! Mas que subjetivamente a pessoa acredita numa “ação” de Deus, este é o mal do século chamado de Relativismo.

A oração no Catolicismo é principalmente a comunhão com Deus, e esta comunhão é uma comunhão de adoração, encontro, contemplação e meditação onde o tesouro escondido vai sendo descoberto.

Na Nova Aliança, a oração é a relação viva dos filhos de Deus com o seu Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo. A graça do Reino é «a união de toda a Santíssima Trindade com a totalidade do espírito».  Assim, a vida de oração consiste em estar habitualmente na presença do Deus três vezes santo e em comunhão com Ele. Esta comunhão de vida é sempre possível porque, pelo Batismo, nos tornamos um só com Cristo. A oração é cristã na medida em que for comunhão com Cristo, dilatando-se na Igreja que é o seu corpo. As suas dimensões são as do amor de Cristo. (CIC 2565)

Em todo o Antigo Testamento Deus vêm ao encontro do povo e os chama a oração, para entrarmos assim na Revelação de Cristo a única mediação e verdadeiro caminho para encontro com Deus Pai.

O Catecismo nos mostra os homens de oração do Antigo Testamento que prefigurando o Messias, o Mestre por excelência, da Vida de Oração.

Deus não se cansa de chamar cada um, pessoalmente, para o encontro misterioso com Ele. A oração acompanha toda a história da salvação, como um apelo recíproco entre Deus e o homem. A oração de Abraão e de Jacob apresenta-se como um combate da fé, confiante na fidelidade de Deus e na certeza da vitória prometida à perseverança. A oração de Moisés responde à iniciativa do Deus vivo, com vista à salvação do seu povo. Prefigura a oração de intercessão do único mediador, Cristo Jesus. A oração do povo de Deus expande-se à sombra da morada de Deus, a arca da aliança e o templo, sob a guia dos pastores, nomeadamente do rei David e dos profetas. Os profetas convidam à conversão do coração e, procurando ardentemente a face de Deus, como Elias, intercedem pelo povo. Os salmos constituem a obra-prima da oração no Antigo Testamento. Apresentam duas componentes inseparáveis: a pessoal e a comunitária. Estendem-se a todas as dimensões da história, comemorando as promessas de Deus já cumpridas e esperando a vinda do Messias. (CIC 2591-2596)

“Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com um forte brado e com lágrimas, Aquele que O podia livrar da morte e, por causa da sua piedade, foi atendido. Apesar de ser Filho, aprendeu de quanto sofreu, o que é obedecer. E quando atingiu a sua plenitude, tornou-Se, para todos aqueles que Lhe obedecem, causa de salvação eterna” (Heb 5, 7-9).

A vida de oração não é simplesmente um impulso intuitivo, mas antes uma graça, somos homens sedentos de uma água, que não sabemos onde esta! A água é Deus, a oração é a busca por esta água e requer um esforço para a encontrar.

A oração não se reduz ao brotar espontâneo dum impulso interior: para orar, é preciso querer. Tão-pouco basta saber o que a Escritura revela sobre a oração: é preciso também aprender a rezar. Ora, é através duma transmissão viva (a Tradição sagrada), que o Espírito Santo, na «Igreja crente e orante», ensina os filhos de Deus a orar. (CIC 2650)

Em toda oração é preciso rezar com a Igreja, estar dentro deste Corpo, é a súplica da Esposa ao Esposo, não é possível uma plena comunhão com Deus, fora da Igreja, assim como não é possível uma verdadeira oração fora dela, pois é com a Igreja que nossa oração, seja pessoal, comunitária, litúrgica... encontra seu caminho e seu fim, agradar ao Senhor.

AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO

A Igreja como Mãe e Mestra do modelo de oração, ensina á nós as formas e expressões desta via unitíva com Deus através da oração. Entre as expressões temos a oração vocal, meditação e a contemplação.

A oração Vocal

Se entende por oração vocal, as preces, súplicas, louvor e adoração que tomam um corpo através de um vocabulário, seja ela com palavras ditas, ou mentalizadas. De forma espontâneas ou com ajuda de manuais, ladainhas, consagrações, orações compostas por santos, para diversas situações, terços... etc.

Pela sua Palavra, Deus fala ao homem. É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Mas o mais importante é a presença do coração Àquele a Quem falamos na oração. «Que a nossa oração seja atendida não depende da quantidade de palavras, mas do fervor das nossas almas» (CIC 2700).

Toda a vida de oração, passa pela oração vocal é ela que da corpo e expressões aos nossos sentidos e vai nos interiorizando e abre nosso interior para a contemplação dos mistérios anunciados pela nossa boca.

A necessidade de associar os sentidos à oração interior corresponde a uma exigência da natureza humana. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível. Esta necessidade corresponde também a uma exigência divina. Deus procura quem O adore em espírito e verdade e, por conseguinte, uma oração que suba viva das profundezas da alma. Mas também quer a expressão exterior que associe o corpo à oração interior, porque ela Lhe presta a homenagem perfeita de tudo a quanto Ele tem direito. (CIC 2702 – 2703)

A Meditação

Tudo aquilo que rezamos, que somos, precisa ser meditado, é a verdade da oração é o momento que refletimos diante de Deus, nossos conceitos, fidelidades, infidelidades. Debruçamos sobre as escrituras, e outros livros de piedade e tiramos dali um sustento, uma admoestação, uma confirmação e muitas vezes uma contrição... por esta expressão da vida de oração, começamos a sondar a nossa dependência de Deus e é pela meditação que as palavras para a oração vocal fluem é um ciclo, uma leva a outra.

A meditação é sobretudo uma busca. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, para aderir e corresponder ao que o Senhor lhe pede. Exige uma atenção difícil de disciplinar. Habitualmente, recorre-se à ajuda dum livro e os cristãos não têm falta deles: a Sagrada Escritura, em especial o Evangelho, os santos ícones (as imagens), os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do «hoje» de Deus.

Meditar no que se lê leva a assimilá-lo, confrontando-o consigo mesmo. Abre-se aqui um outro livro: o da vida. Passa-se dos pensamentos à realidade. Segundo a medida da humildade e da fé, descobrem-se nela os movimentos que agitam o coração e é possível discerni-los. Trata-se de praticar a verdade para chegar à luz: «Senhor, que quereis que eu faça?».

Os métodos de meditação são tão diversos como os mestres espirituais. Um cristão deve querer meditar com regularidade; doutro modo, torna-se semelhante aos três primeiros terrenos da parábola do semeador. Mas um método não passa de um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo Jesus. (CIC 2705 – 2707)

A Contemplação

Na contemplação o homem mergulha no Todo de Deus e se deixa absorver pelo imenso amor que atrai “para águas mais profundas”. Entra se no mistério de Deus, é um colóquio de amor entre o amado e o amante, a linguagem dos olhares apaixonados, Deus pelo homem e o homem por Deus.

O que é a contemplação? Responde Santa Teresa: «Outra coisa não é, a meu parecer, oração mental, senão tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama». A contemplação procura «Aquele que o meu coração ama» (Ct 1, 7) , que é Jesus, e n'Ele o Pai. Ele é procurado, porque desejá-Lo é sempre o princípio do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer d'Ele e viver n'Ele. Nesta modalidade de oração pode, ainda, meditar-se; todavia, o olhar vai todo para o Senhor. (CIC 2709)

A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. «Eu olho para Ele e Ele olha para mim» – dizia, no tempo do seu santo Cura, um camponês d'Ars em oração diante do sacrário. Esta atenção a Ele é renúncia ao «eu». O seu olhar purifica o coração. A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens. A contemplação dirige também o seu olhar para os mistérios da vida de Cristo. E assim aprende «o conhecimento íntimo do Senhor» para mais O amar e seguir. (CIC 2715)

A contemplação exige o silêncio a interiorização para encontrar a Deus na morada interior de nosso coração, não se faz com palavras ou gestos, mas numa linguagem eloqüente de amor e atração, guiado exclusivamente pelo Espírito Santo.

Todos nós precisamos da vida de oração é impossível subsistir na fé, na observância dos mandamentos e na fidelidade, sem vida de oração e vida de oração coerente, não basta uma vida de “oração transcendental, oração milenar, oração descarrego, cura, regreção...” coisas fantasiosas que em nada aproximam o homem á Deus. O cristianismo Católico se diferencia de todas as religiões na sua prática de vida de oração, primeiro, pois temos a certeza de fazer parte da Esposa de Cristo e logo o Esposo ama sua Esposa e quer ouvir seus cantares. Segundo somos sustentados pela graça de Deus atuante, é Ele que vem até nós e nos ensina a rezar, somos impulsionados por esta graça e principalmente combatemos pela oração no “Vigiai e Orai” nosso de cada dia!

Por Junior Mathias

Fonte: A Fé Católica

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