DEZ AOS SOBRE A MORTE DA VIDENTE DE FÁTIMA, A ÚLTIMA DOS TRÊS PASTORINHOS- Parte III

Prova disso é que Lúcia faleceu há 10 anos e isso não significou diminuição de visitantes ou intenções, pelo contrário...
Eu creio que continua a aumentar, e até 2017 isso irá manter-se, e não é pela Lúcia. Ela rapidamente passou para um papel "secundário", ou seja, com um protagonismo ao estilo de Deus, escondido. Ela torna-se pequenina, silenciosa, escondida, e é assim que Deus faz as maravilhas. Deus escolhe o que é fraco aos olhos do mundo para confundir os fortes, e às vezes os pequenos para falar aos grandes. A Lúcia fica escondida no Carmelo e de lá, naquele silêncio, grita mais alto do que eu quando vou de microfone na mão a fazer conferências (risos).
Um protagonismo que a pode levar à canonização
Este protagonismo escondido não evita que a Igreja, depois da sua morte, queira colocá-la na galeria dos santos...
Não é só a Igreja, é o santo povo de Deus. Não sei se se recorda do funeral da Lúcia, mas foi impressionante. O país parou, as televisões mostraram o funeral, e depois a trasladação. O funeral de uma carmelita que viveu escondida toda a vida foi um acontecimento nacional. Foi luto nacional no dia 15 de fevereiro de 2005. E se for ler o decreto do Diário da República do luto nacional, assinado por Jorge Sampaio, vê que diz que foi a responsável pela deslocação a Portugal de inúmeros peregrinos de todo o mundo. E no funeral é o povo que se exprime pela sua fé, e é por isso que pode ser santa.
Mais santa mesmo pela fé que pela história, já que andou "desaparecida" da história...
Fisicamente sim, não tem nenhuma intervenção, mas escondida sim. A insistência dela junto dos Papas para que consagrassem o mundo ao Imaculado Coração de Maria teve impacto na história. Teve é de uma forma escondida. Vamos precisar de mais alguns anos de distanciamento para entendermos na totalidade toda esta intervenção. Vão fazer falta estudos e investigação, principalmente quando houver acesso às fontes, mas repare, já há muitos historiadores que não hesitam em colocar, com uma visão objetiva, o ano de 1984, em que há essa consagração, como o princípio de uma série de fenómenos que aconteceram sobretudo na Europa de Leste, que culminam com a queda do Muro de Berlim e esta liberdade que a seguir surge. E esta consagração foi insistentemente pedida por esta humilde carmelita a todos os Papas. Sim, porque ela corresponde-se com todos os Papas. Aliás, escreve-se com Papas, santos, e com pessoas mais humildes, desconhecidas...


Neste momento, ainda estamos na fase diocesana do processo...
Sim, estamos. Há dois grandes momentos: a recolha de todos os seus escritos e o escutar das testemunhas. Os escritos falam-nos da Lúcia diretamente, a partir do que ela escreve, e os testemunhos falam-nos indiretamente, a partir do que os outros observam. E estas duas características são fundamentais.


Que tipo de testemunhas estamos a falar?
Irmãs que conviveram com ela, sacerdotes que conviveram com ela, os médicos e pessoas de família. São testemunhas de 1º grau, que viram a Lúcia e que a viram agir durante muitos anos. A médica acompanhou-a muitos anos, viu como ela viveu a doença, são tudo testemunhas oculares. O mais difícil são mesmo os escritos dela. Primeiro houve a recolha, em que pedimos às pessoas que tivessem recebido cartas dela que nos enviassem cópias das mesmas, fomos investigar os arquivos onde haveria registos dela: no Porto, Coimbra, nos Arquivos do Vaticano, nos lares por onde passou. Esta fase foi morosa, porque falamos de cerca de 11 mil cartas enviadas por ela. As que ela recebeu são mais de 60 mil recolhidas nos últimos 35 anos apenas, a partir de 1970. Imagine quantas vidas esta carmelita não tocou em toda a sua vida...

Veja também:  I Parte II Parte e IV Parte 
Fonte: Aleteia

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