UMA JANELA DO CÉU!

Posted: 04 Feb 2013 07:30 PM PST

Chegando a Lourdes um instinto misterioso conduz o neófito rumo à Gruta.

Os cartazes são inexistentes e desnecessários.

Os guardas são escassos e sem trabalho.

A multidão é ordenada, composta e fervorosa. Tudo é pulcro e bem conservado.

Magotes de peregrinos convergem para o local das aparições.

Uns rezam em grupo ou isoladamente, em voz alta ou baixa; outros cantam.

Ainda outros caminham em atitude recolhida, ou com ávida curiosidade, até o fulcro dessa unção que a tudo envolve maternalmente.


Não há algazarra nem pesado silêncio. Há uma plenitude de vida harmoniosa, impregnada de sobrenatural, que empolga.

Alguns chegam acompanhados de um sacerdote. A imensa maioria vem por iniciativa própria. O que os levou lá?

O que a graça disse na alma daquele romeno, australiano, japonês, brasileiro ou sul-africano, para virem de todos os recantos da Terra a Lourdes, com tanta consonância de espírito?

À direita de quem chega, o caudaloso rio Gave corre impetuosamente, emitindo leve murmúrio, imagem material dessa torrente de graças que ali age tão poderosa e discretamente nas almas.

À esquerda, as numerosas torneiras onde os romeiros colhem e bebem a água da fonte aberta por Santa Bernadete por ordem de Nossa Senhora.

Logo a seguir, a Gruta das aparições. Como descrevê-la? É difícil.

Nada há nela que não se pareça com mais uma concavidade lavrada na rocha pelo vento e pelas águas.

Porém, olhando-a, tem-se a impressão de contemplar uma janela que abre direto para o Céu.

No alto, à direita, numa espécie de túnel aberto na rocha, a famosa imagem de Nossa Senhora de Lourdes, tão simples, sem mérito artístico especial, irradiando um oceano de graças.

No canto inferior à esquerda, no fundo, a fonte que Santa Bernadete cavou com suas próprias mãos, a mando de Nossa Senhora.

A água jorra límpida, incessante, com a musicalidade aconchegante de um despretensioso manancial de montanha.

Eis a água de Lourdes, eis o simples instrumento de que Nossa Senhora se serve para vencer a doença e o pecado, a lubricidade igualitária da humanidade que recusou a Civilização Cristã. Que contraste!

Que glória, que poder da Santíssima Virgem! Toda a obra de impiedade erigida em séculos de Revolução, vencida pela Rainha dos Céus e da Terra com um simples fio de água!

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